O planejamento patrimonial é uma ferramenta estratégica essencial para a proteção dos bens e a eficiência na sucessão familiar. Ele envolve a adoção de medidas que garantem uma melhor alocação de ativos, considerando aspectos como proteção patrimonial, sucessão e a otimização tributária.
O Conceito
O planejamento patrimonial pode ser definido como o conjunto de estratégias voltadas para a otimização da distribuição de bens, seja no âmbito familiar ou empresarial. Seu foco principal está em três pilares essenciais:
1. Proteção Patrimonial: Proteger os bens de riscos, como dívidas ou disputas judiciais.
2. Sucessão dos Bens: Facilitar a transferência dos ativos para os herdeiros, de maneira organizada e eficiente.
3. Redução de Carga Tributária: Utilizar mecanismos legais para minimizar a tributação sobre os bens.
A Teoria do “Cobertor Curto”
Essa metáfora explica a necessidade de equilibrar diferentes interesses no planejamento patrimonial. Assim como um cobertor curto não consegue cobrir o corpo inteiro, o planejamento pode beneficiar um aspecto, mas comprometer outro. Por exemplo, uma estratégia que reduz impostos pode não ser a mais eficiente para proteger o patrimônio ou facilitar a sucessão.
Exemplo
Alguns investimentos, quando mantidos em nome de pessoa física, podem ter menor incidência de tributos. No entanto, essa decisão pode impactar negativamente a proteção dos bens ou criar obstáculos na sucessão. Assim, é crucial analisar todas as variáveis e adaptar a estratégia conforme a necessidade.
Produtos do Planejamento Patrimonial
Existem diversas soluções que podem ser implementadas dentro de um planejamento patrimonial. Alguns dos produtos mais comuns incluem:
– Doação de Bens em Vida: Facilita a sucessão e pode otimizar a carga tributária.
– Administradoras de Bens: Empresas familiares ou não que ajudam na organização dos ativos e redução da carga tributária.
– Holding de Participações: Estrutura jurídica que organiza as participações societárias, facilitando a sucessão e protegendo os bens.
– Holding Patrimonial: Combina a administração de bens com cláusulas de sucessão para otimizar o processo.
– Planejamento Sucessório e Patrimonial: Uma análise individualizada, considerando o caso concreto, que pode envolver uma ou mais estratégias acima.
A Quem se Destina?
Cada planejamento patrimonial é único, uma vez que os objetivos, o volume de bens e as relações pessoais variam de cliente para cliente. A análise é personalizada, considerando fatores como:
– Volume Patrimonial: Quanto maior o patrimônio, mais complexo o planejamento.
– Risco de Fraude a Credores: Avaliar o risco de ações judiciais ou de execução que possam comprometer os bens.
– Objetivos dos Patriarcas e Matriarcas: Entender os desejos dos chefes da família quanto à sucessão e proteção dos bens.
Exemplos Práticos
Exemplo 1: Alto Risco de Judicialização
Em famílias com grande volume de bens e herdeiros em conflito, optar por abrir uma holding e distribuir quotas pode não ser a melhor estratégia. Isso porque, na prática, os herdeiros teriam que tomar decisões em conjunto sobre a gestão dos negócios após o falecimento do patriarca, o que poderia gerar mais disputas.
Exemplo 2: Risco de Indenização
Em casos em que o patriarca mantém um relacionamento extraconjugal com uma amante, há jurisprudência que reconhece o direito da amante a uma indenização. Uma possível solução seria incluir um seguro resgatável no planejamento, proporcionando fundos aos herdeiros para lidar com essa eventualidade sem conflitos.
Perfil dos Clientes e Due Diligence
É fundamental realizar uma investigação profunda (due diligence) para entender o perfil do cliente e seus objetivos. Perguntas que ajudam a traçar esse perfil incluem:
– Qual é o seu volume patrimonial?
– Qual o risco da sua atividade empresarial?
– Qual seu objetivo financeiro futuro?
– Possui herdeiros? Qual é o relacionamento entre eles?
Essas respostas ajudam a moldar um planejamento que esteja de acordo com os desejos e necessidades do cliente, garantindo eficiência e segurança.
Parcerias com Escritórios de Advocacia
O planejamento patrimonial é uma área multidisciplinar, que demanda a colaboração entre advogados e contadores. Assim, parcerias com escritórios de advocacia são vantajosas, especialmente em casos que exigem atos exclusivos da advocacia, como a elaboração de testamentos e contratos complexos.
Vantagens das Parcerias
– Mitigação de Riscos: Evitar processos disciplinares e garantir conformidade com as regras da OAB e CRC.
– Expansão de Ganhos: Ampliação dos serviços prestados e da qualidade do produto final.
– Especialização: Trabalhar com advogados especializados em sucessão melhora a qualidade do serviço.
Considerações Finais
O planejamento patrimonial é uma ferramenta rentável e escalável. À medida que a legislação tributária sofre mudanças, como a Reforma Tributária, o produto se torna ainda mais relevante. Alinhar sua operacionalização e expandir as parcerias é essencial para garantir o sucesso do planejamento e proteger o patrimônio dos clientes.
Escrito por Wesley Santos